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Ao longo do tempo está sendo colocada em xeque a máxima de que o dinheiro público salva o mercado. É chegado o momento de balizar as necessidades de otimização de custos dos órgãos federais, municipais e estaduais. Na ótica operacional, um excelente benchmarking é o da iniciativa privada para adoção de boas práticas, como o do IFS – Integrated Facilities Services.

Luiz Henrique Silva Fernandes

A máquina pública vem adotando, ao longo dos anos, a máxima de fomentar a ineficiência para gerar renda e emprego em uma lógica cíclica de keynesianismo estatal.

Segundo levantamento preliminar do governo federal, feito em janeiro de 2019, estima-se um gasto anual de R$25 bilhões com serviços terceirizados, sendo 20% desse valor com mão de obra em serviços como limpeza, manutenção, prevenção e combate a incêndios, copeiragem e vigilância pelo governo federal, o que o mercado corporativo já denomina como serviços de facilities. Além disso, estima-se que a União possui um total de 700 mil imóveis próprios ou alugados sob sua tutela, alguns sendo utilizados e outros não.

Na ótica de Facilities, quem já utilizou algum serviço público, em algum momento da vida, provavelmente questionou sobre a qualidade dos serviços relacionados com as edificações desses órgãos.

O fato é que essa estratégia Keynesiana de criar uma demanda ineficiente para gerar emprego e renda sai mais cara do que se imagina, pois, os custos para compensar essa ineficiência saem do bolso do contribuinte, ou seja, paga-se mais por menos e com dinheiro público. John Maynard Keynes, foi um economista britânico que pregou em suas teorias que o Estado tem um papel ativo na geração de emprego e renda através do aumento dos gastos governamentais diminuindo o risco de recessão, teoria essa praticada no Brasil nos últimos governos e que resultou exatamente em uma recessão.

Para compreendermos melhor o custo da ineficiência, façamos um exercício conjuntamente para uma análise das possibilidades desperdiçadas na esfera pública se compara com o universo privado.

Peguemos cinco serviços dentro do segmento de Facilities como limpeza, manutenção, prevenção e combate a incêndios, copeiragem e vigilância, que, sem sombra de dúvidas, são disponibilizados nos prédios públicos, e tomemos como referência a esplanada dos ministérios para a construção da nossa linha de raciocínio.

A esplanada dos ministérios conta com 17 edifícios de arquitetura padronizada abrigando os diversos ministérios do governo federal. Imaginemos que cada prédio conta com cinco contratos, referentes aos serviços citados e cinco servidores responsáveis pela gestão e fiscalização dos serviços relacionados aos mesmos.

Peguemos agora como referência dois prédios contíguos da esplanada onde verifica-se um trajeto a pé entre as recepções dos dois prédios na ordem de 220 metros de distância.

Tratam-se de órgãos públicos, mas geridos de forma segmentada. Esse é o perfil traçado em nosso cenário hipotético. Aqui temos 17 prédios, cinco servidores por prédio, dedicados a fiscalizar os serviços, e cinco contratos por prédio para realização dos serviços, totalizando 85 contratos e 85 servidores.

Imaginemos agora que todos os ministérios fossem privatizados e transferidos para um ente privado.

Na ótica empresarial privada, custos desnecessários ou em excesso podem acarretar em perdas para a empresa e vir até a quebrar um negócio, aqui deixo um adendo que fica cada vez mais evidente o mesmo na esfera pública pode quebrar governos, mas nos foquemos no exercício. Na ótica privada vem crescendo como estratégia de melhoria de eficiência de serviços relacionados a Facilities um novo modelo de contratação denominados IFS (Integrated Facilities Services) ou IFM (Integrated Facilities Management) que nada mais é que a integração de serviços de forma a otimizar custos e gerar eficiência e sinergia entre as equipes que desempenham esses serviços gerando economia tanto sob a ótica da contratação, com ganhos de escala e eliminação de duplicidades de postos de trabalho, como sob a ótica de gestão, economizando pilhas de papéis e horas de profissionais dedicados exclusivamente à fiscalização e aprovação desses serviços.

Agora vamos ao exercício proposto: Imaginemos que no processo de privatização, os 17 prédios foram arrematados por um único dono, você.

Ao verificar o cenário atual, você propõe unificar os cinco serviços em dois contratos sendo, dois serviços em um contrato e os outros três no outro, ficando a cargo da equipe técnica analisar quais devem ficar em qual grupo. E mais, você propõe unificar o sistema de chamado para agrupá-los a cada dois prédios utilizando a equipe de um prédio para dar suporte no edifício contíguo. Como a esplanada conta com uma quantidade ímpar de prédios, você define que o último mantém individualizada sua atividade, mas adotará o novo formato de contratação. Quanto à equipe técnica, ficarão dois gestores responsáveis pela fiscalização, sendo um de um prédio e outro do prédio contíguo, e os demais irão atuar na área de pesquisa e desenvolvimento da empresa, que necessitava de uma equipe maior para melhorar seus resultados.

Agora vamos aos números:

Imaginemos agora que cada servidor e cada contrato custe anualmente R$1,00 e façamos nossa reflexão, onde teremos R$170,00 no cenário público e R$36,00 no cenário privado, ou seja, uma economia de 78,82%.

Note que nosso raciocínio é hipotético mas nos leva a alguma reflexões importantes. A mudança de cenário exercitada aqui acarreta em desemprego de alguns profissionais relacionados aos serviços prestados, mas no aumento de resultado quando se destina mais servidores para áreas que geram resultado direto para a empresa e a redução do custo reduz drasticamente no que tange aos custos de facilities.

A todo o momento vemos nos noticiários o grau de endividamento da máquina pública e, querer inflar as instituições públicas e burocratizar os serviços para gerar emprego acarreta em um custo de onde o dinheiro já não existe mais. Então, como proceder? Cobrar mais impostos? Aumentar a tributação para compensar esse custo da ineficiência?

Talvez não seja essa a hora de nos prepararmos para a realidade?

Talvez esse choque de realidade não seja benéfico sob o aspecto de produtividade e informação, tantos aos profissionais que prestam serviços para a esfera pública quanto aos servidores dela, demonstrando que dinheiro é escasso e usar a máquina pública para maquiar a realidade só os prejudica profissionalmente?

O IFS, atualmente, se apresenta como uma ferramenta do universo corporativo privado ideal como parceria público-privada a ser adotada em momentos de austeridade e cuidado com a gestão de recursos públicos pois, nela tem-se otimização de recursos, ganho de eficiência e sinergia de trabalhos, e aprendizados técnicos e de gestão que irão aperfeiçoar e preparar os profissionais que atuam no segmento de Facilities junto aos órgãos públicos do país.

Sem sombra dúvidas, todos têm a ganhar: quem paga e quem recebe.


Luiz Henrique Silva Fernandes é formado em Engenharia Elétrica com especialidade em sistemas de potência pela Universidade Federal de Uberlândia, MG, e pós graduado com MBA em gerenciamento de projetos de Engenharia e Arquitetura pelo Instituto de Pós Graduação IPOG e MBA em Finanças, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas, FGV. Possui 10 anos de experiência do gerenciamento de equipes de manutenção de infraestrutura em órgãos públicos e privados, além da atuação com soft services e gestão de contratos terceirizados de manutenção.


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